terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

“Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”

6 de Janeiro de 2012. Faltam hoje precisamente 13 dias para a Maratona de Sevilha. Não tendo por hábito agarrar-me a superstições, a verdade é esta: depois do estiramento e da inconveniente gripe, eis que me aparece uma dor na face externa do joelho esquerdo. Estou há 4 dias sem conseguir correr.
Fazendo uma retrospetiva, a semana passada até que começou bem, é bom dizer. 2ªF descansei dos 29Km da véspera; 3ªF corri 60’ intercalados com fartlek de 8x 1’ rápido/ 1’ lento e na 4ªF, um treino de 10Km a 5’/km. Até aqui, tudo normal.
Acontece que nesse dia, depois do treino, decidi ir a pé a um jantar profissional agendado para um restaurante relativamente próximo de casa. O regresso, suposta leve caminhada de relaxamento, acabou por converter-se numa penosa luta contra os sapatos que mordiam os pés. No dia seguinte, percebi que ao tentar proteger-me das bolhas, terei forçado inadvertidamente o joelho esquerdo a um movimento para além do normal já que deu sinais de estar algo dorido. Não dei muita importância e à noite fui fazer o treino habitual.
Com o frio que estava, pensei sinceramente que a moínha que sentia no joelho fosse passar após o aquecimento. Continuei a correr. O ritmo estava rápido, em torno dos 4’30/ Km. Sentia-me be; em forma. Mas a moinha ao invés de passar, foi aumentando cada vez mais. Quando dei por mim, estava na Torre de Belém e ainda tinha 40’ de regresso a casa pela frente. O resto foi um verdadeiro calvário. Depois de duas ou três paragens, terminei a coxear e com a perfeita noção que tinha estragado tudo.
Desde então, tenho feito anti-inflamatório e gelo. No Domingo, dediquei-me a exercícios de reforço muscular. Hoje tentei retomar a corrida, em vão. As dores voltaram e decorridos apenas 900m decidi interromper o treino.
Não sei o que acontecerá daqui para a frente. Não sei de esta mazela desaparecerá nas próximas duas semanas. Não sei se irei conseguir retomar os treinos até à prova. Para ser franco, não sei se estarei em condições sequer de participar e de me aventurar a correr os 42,195 Km.
Vem-me à ideia o que poderá estar a sentir o Nelson Évora com a gravíssima lesão que o impede de ir aos Jogos Olímpicos e o impacto que isso terá na sua carreira profissional. Penso na decisão agora anunciada de terem retirado o título do Tour de France ao Alberto Contador, e como ele lidará com os próximos dois anos de afastamento de todas as provas oficiais. Não sou atleta profissional, mas a motivação e empenho que me levam a traçar estes desafios na minha vida acabam por expor-me emocionalmente a todos os percalços e acidentes de percurso com que me vou deparando. Tento relativizar as interrogações e não dar muita importância ao sucedido.
Esta semana, por motivos profissionais, vou passar três dias numa estância a 80 Km de Frankfurt. O prognóstico meteorológico não é animador: máxima -8ºC; mínima -16ºC. Não quero ser pessimista, mas acho que correr no bosque vai ter de ficar para outros carnavais… O que vale é que o Hotel tem ginásio. Vou aproveitar para fazer mais reforço muscular, bicicleta e quiçá alguma corrida na passadeira.
Como diria o outro: “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.

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